sábado, 10 de dezembro de 2011

Professor não tem de proteger alunos.




Nas visitas diárias que faço aos blogues, deparo-me com textos muito interessantes, dos quais busco refletir inclusive sobre o meu fazer pedagógico. Um deles é o blog do meu amigo Fernando, que trouxe à tona um assunto muito relevante sobre o professor: se tem ou não que amar a profissão. Eis o texto logo abaixo:

Professor não tem que amar o que faz!

Encontrei um texto no Blog de prof-edigleyalexandre, segue abaixo:
"Pois bem. O professor, assim como o coordenador, o diretor, o bedel, o zelador, a secretária, enfim, todo esse povo dentro da escola, não tem que estar feliz. Não tem que amar o que faz ali. Tem que estar focado, profissional, sério, motivado e trabalhando. Felicidade, amor, alegria, diversão, é depois da aula, é no fim de semana, é na praia, no bar, no motel, na casa da vó, sei lá. Por isso tem que ganhar bem, para poder ser feliz com o que realmente importa, e não pela satisfação de educar o filho dos outros. [Maura Dias, professora de Matemática e Especialista em Educação Matemática."
Passeando pela web encontrei um site que contém um texto que me chamou muita a atenção. A citação acima já justifica o que escrevo. Na verdade não é apenas um texto, são três textos divididos em dois artigos sequenciais que culmina nesse que despertou maior atenção.

1- Professor não fica desempregado.
2- Professor não fica rico.
3- A mentira final - Professor é feliz.
Concordo com algumas coisas citadas nos seus textos, outras não. A frase que leva o título desse post sintetiza bem. Particularmente não acredito que alguém exerça uma profissão sem gostar, sem ter paixão, sem amor pelo que faz.

Mas não se engane e interprete erroneamente a forma com que a autora escreve. As vezes ler, sentir, ouvir sinceridades tão gritantes como essas ajudam-nos a despertar e olhar em nossa volta de outra forma.

Nos comentários postei o seguinte:

Eu não morro de amores pela profissão, mas tento fazer o melhor que posso, como profissional da área. Mas se tiver a chance de mudar de área, farei sem pestanejar. Pois, a missão é árdua e desprestigiada. E não acho que um profissional seria melhor se ganhasse mais, a coisa vai além disso. A educação está longe de seguir o rumo desejado, antes, será preciso chamar a responsabilidade dos pais pela educação dos filhos e não apenas empurrar nas costas dos professores, que estão na escola para desenvolver principalmente o intelecto deles, não os princípios de civilidade. Estes apenas são aprimorados no âmbito da escola, pois lá se pratica o que aprendemos em casa com nossos pais: respeito ao próximo. Grande abraço, Fernando.


O que postei no comentário é realmente como sinto a educação. Não posso ser mentirosa e dizer que amo ser desrespeitada por alunos mimados e acobertados pelos pais, dou o melhor de mim porque é assim que tem de ser e estudei para ser professora. Mas, amor...
Pois bem, hoje me deparo com uma entrevista na veja com o professor norte-americano, famoso por um texto que produziu para CNN e muito divulgado no facebook. Leiam-no :

Na foto: Clark e seus alunos.


O que os professores realmente querem dizer aos pais

Por Ron Clark, Especial para CNN
06 de setembro de 2011 - Atualizado 1312 GMT (2112 HKT)
Nota do editor: Ron Clark, autor de ” “The End of Molasses Classes: Getting Our Kids Unstuck — 101 Extraordinary Solutions for Parents and Teachers,”, foi nomeado ”Mestre Americano do Ano” pela Disney e reconhecido por Oprah Winfrey como seu “Homem fenomenal.” Ele fundou a Academia Ron Clark, que os educadores de todo o mundo visitam para aprender.

(CNN) - Neste verão, eu conheci uma diretora que foi nomeada recentemente como a administradora do ano em seu estado. Ela era amada e adorada por todos, mas me disse que estava deixando a profissão.

Eu gritei: “Você não pode nos deixar “, e ela respondeu incisivamente: “Olha, se eu receber uma oferta para liderar um sistema escolar de órfãos, eu vou me debruçar sobre ele, mas eu simplesmente não posso lidar maiscom os pais , eles estão nos matando .”

Infelizmente, esse sentimento parece estar se tornando mais e mais prevalente. Hoje, novos professores permanecem em nossa profissão uma média de apenas 4,5 anos e muitos deles listam as “questões com os pais” como uma das suas razões para jogar a toalha. A fala vai-se espalhando e, quanto mais negatividade os professores recebem dos pais, mais difícil se torna recrutar os melhores e os mais brilhantes das faculdades.

Então, o que podemos fazer para deter a maré? O que os professores realmente precisam que os pais entendam?

Para começar, somos educadores, não babás. Somos profissionais educados que trabalham com crianças todos os dias e muitas vezes vêem o seu filho por um prisma diferente do seu. Se nós lhe damos um conselho, não lute contra ele. Tome-o e digira-o da mesma forma que você consideraria o conselho de um médico ou advogado. Eu me habituei a alguns pais que simplesmente não querem ouvir nada negativo sobre seu filho, mas, às vezes, se você está disposto a aceitar de coração um alerta antecipado, ele pode ajudá-lo a encarar logo uma questão que poderá se tornar muito maior no futuro.

Confie em nós. Às vezes, quando eu digo aos pais que seu filho tem tido problemas de comportamento, quase posso ver os cabelos se eriçarem em suas costas. Eles estão prontos para lutar e defender seus filhos, e isto é muito cansativo. Uma das minhas maiores irritações é quando eu conto a uma mãe uma coisa que seu filho fez e ela se vira, olha para ele e pergunta: “Isso é verdade?” Ora, é claro que é verdade. Eu acabei de lhe dizer. E por favor não pergunte se um colega pode confirmar o que aconteceu ou se outro professor estava presente. Isto só humilha o professor e enfraquece a parceria entre professor e pais.

Por favor, elimine todas as desculpas

E se você realmente quer ajudar seus filhos a serem bem sucedidos, pare de inventar desculpas para eles. Eu estava conversando com uma mãe e seu filho sobre as tarefas de leitura de verão. Ele me disse que não tinha começado e eu o deixei saber que eu estava extremamente desapontado, porque as aulas começariam em duas semanas.

Sua mãe entrou na conversa e me disse que tinha sido um verão horrível para eles por causa de questões familiares por que haviam passado, em julho. Eu disse que sentia muito, mas não pude deixar de salientar que as tarefas foram dadas em maio. Ela rapidamente acrescentou que estava permitindo que seu filho tivesse algum “tempo de diversão” durante o verão antes de voltar a trabalhar em julho e que não era culpa dele o trabalho não estar completo.

Você pode sentir minha dor?

Alguns pais vão dar desculpas, independentemente da situação, e eles estão criando filhos que vão se transformar em adultos que se voltam sempre para desculpas e não criarão uma forte ética de trabalho. Se você não quer que seu filho chegue aos 25 e desempregado, sentado em seu sofá comendo batatas fritas, então pare de inventar desculpas para por que eles não estão tendo sucesso. Em vez disso, concentre-se em encontrar soluções.

Pais, sejam parceiros, em vez de um promotores

E, pais, vocês sabem, está OK se seu filho tiver problemas, às vezes. Estes formam o caráter e ensinam lições de vida. Como professores, ficamos envergonhados com aqueles pais que se colocam no caminho dessas lições; nós os chamamos de “pais helicópteros”, pois querem mergulhar e salvar sua criança toda vez que algo dá errado. Se dermos a uma criança um 79 em um projeto, então é isso que a criança merece. Não agende uma hora para se encontrar comigo para negociar crédito extra para um 80. É um 79, independentemente de se você acha que deveria ser um B +.

Esta pode ser difícil de aceitar, mas você não deve presumir que porque o seu filho tem sempre um A que ele / ela está recebendo uma boa educação. A verdade é que muitas vezes são os maus professores que dão as notas mais altas, porque eles sabem que, dando boas notas, todos vão deixá-los em paz. Os pais vão dizer: “Meu filho tem um(a) grande professor(a)! Ele tirou A em todas este ano!”

Ora, vem cá. Com toda a honestidade, são geralmente os melhores professores que dão as notas mais baixas, porque eles estão elevando as expectativas. No entanto, quando seus filhos recebem notas baixas você quer reclamar e vai direto ao gabinete do diretor.

Por favor, dê um passo atrás e dê uma boa olhada na paisagem. Antes de desafiar essas notas baixas que você sente que o professor “deu” a seu filho, talvez seja necessário compreender que o seu filho ”ganhou” estas notas e que o professor de que se queixa é na verdade o que está fornecendo a melhor educação.

E, por favor, seja um parceiro em vez de um promotor. Eu tive um aluno que estava “colando” num teste e seus pais ameaçaram chamar um advogado, porque eu o estaria rotulando de criminoso. Eu sei que parece loucura, mas diretores de todo o país estão me dizendo que advogados estão cada vez mais acompanhando os pais nas reuniões da escola sobre seus filhos.

Professores pisando em ovos

Eu me sinto muito triste por administradores e professores nos dias de hoje, cujas mãos estão completamente atadas. De muitas maneiras, nós vivemos com medo do que vai acontecer a seguir. Nós pisamos em ovos em um sistema de educação aguado, onde os professores não têm a coragem de serem honestos e falarem o que pensam. Se eles fazem um pequeno erro, isto pode se tornar um enorme desastre.

Minha mãe acabou de me contar que uma criança em uma escola local escreveu em seu próprio rosto com um marcador permanente. A professora tentou limpar com uma toalha molhada e isto deixou uma marca vermelha no lado do seu rosto. Os pais chamaram a mídia e a professora perdeu o emprego. Minha mãe, minha própria mãe, disse: “Você pode acreditar que a mulher fez isso?”

Eu me senti atingido no estômago. Sinceramente, teria, provavelmente, tentado fazer com que a marca saísse também. Pensar que poderíamos perder nossos empregos por algo tão pequeno é assustador. Por que alguém iria querer entrar na nossa profissão? Se os nossos professores continuam a sentir-se ameaçados e com medo, você vai roubar nossas escolas dos nossos melhores e dificultar os nossos esforços para recrutar educadores excelentes amanhã.

Finalmente, lide com situações negativas de uma maneira profissional.

Se o seu filho disse que alguma coisa aconteceu na sala de aula e isto preocupa você, peça para se encontrar com o professor e aborde a situação dizendo: “Eu queria que você soubesse algo que meu filho disse que aconteceu em sua sala, porque eu sei que as crianças podem exagerar e que há sempre dois lados para cada história. Eu queria que você clareasse isto um pouco para mim. ” Se você não ficar feliz com o resultado, leve, em seguida, as suas preocupações ao diretor, mas acima de tudo, nunca fale mal de um professor na frente de seu filho. Se ele sabe que você não o respeita, ele não o fará também, o que levará a uma série de novos problemas.

Nós sabemos que você ama seus filhos. Nós os amamos também. Nós só pedimos- e imploramos – para confiar em nós, nos apoiar e trabalhar com o sistema escolar, e não contra ele. Precisamos de vocês às nossas costas e precisamos que vocês nos dêem o respeito que merecemos. Levantem-nos, façam-nos sentir apreciados, e vamos trabalhar ainda mais para dar ao seu filho a melhor educação possível.

Esta é a promessa de um professor, de mim para você.


Se tiverem paciência, Leiam também a entrevista dele para VEJA:

Na visão de Clark, os pais vêm transferindo suas responsabilidades para a escola, sem, contudo, aceitar que seus filhos se submetam de fato às regras da instituição. Por isso, assim que surge a primeira nota vermelha ou uma advertência, invadem a sala de aula culpando os professores – a pretexto de preservar a reputação e o orgulho de seus filhos. "Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças", diz o professor, na entrevista concedida a VEJA.com e reproduzida a seguir. "Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas." Clark conhece sua profissão. Aos 39 anos, vinte deles dedicados à carreira, o americano já lecionou na zona rural da Carolina do Norte, nos subúrbios de Nova York e atualmente comanda uma escola modelo no estado da Geórgia que oferece treinamento a educadores. Graças à função, manteve, desde 2007, contato com cerca de 10.000 educadores de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros.

Em seu artigo, o senhor fala de um ambiente escolar em que pais e professores não se entendem mais. O que tornou a situação insustentável, como o senhor descreve? A sociedade se transformou. Hoje, vemos pais muito jovens, temos adolescentes que se veem obrigados a criar uma criança sem ao menos estarem preparados para isso. São pessoas imaturas. Por outro lado, temos famílias abastadas, em que pais trabalham fora e são bem-sucedidos profissionalmente. Pela falta de tempo para lidar com os filhos, empurram toda a responsabilidade da educação para a escola, mas querem ditar as regras da instituição. Ou seja, eles querem que a escola eduque, mas não dão autonomia a ela.

Que tipo de comportamento dos pais irrita os professores? Acho que o ponto principal são as desculpas que os pais criam para livrar os filhos das punições que a escola prevê. Se um aluno tira nota baixa, por exemplo, ou deixa de entregar um trabalho, os pais vão à escola e descarregam todo tipo de desculpa: dizem que o filho precisava se divertir, que a escola é muito rigorosa ou que a criança está passando por um momento difícil. Ou, ainda, culpam os professores, dizendo que eles não são capazes de ensinar a matéria. Mas nunca culpam seus próprios filhos. É muito frustrante para os professores ver que os pais não querem assumir suas responsabilidades.

Problemas com notas são bastante frequentes? Sim. Certa vez tive uma aluna que estava indo mal em matemática. A mãe dela justificou-se dizendo que, na escola em que a filha estudara antes, ela só tirava boas notas, sugerindo, assim, que o problema éramos nós, os novos professores. Infelizmente, essa ideia se instalou na nossa sociedade. Se a nota é boa, o mérito é do aluno; se é baixa, o problema está com o professor. E quando as notas ruins surgem, os pais ficam furiosos com os professores. O resultado disso é que muitos profissionais estão evitando dar nota baixa para não entrar em rota de colisão com os pais, que nos Estados Unidos chegam a levar advogados para intimidar a escola.

Os pais poupam os filhos de lidar com fracassos?

Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade. Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas. Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças.

Que conselho o senhor dá aos professores? É possível evitar que os pais surtem diante de notas ruins e do mau comportamento dos filhos se for construída uma relação de confiança. Em vez de só procurar os pais quando as crianças vão mal na escola, oriento que os professores conversem com os responsáveis também quando a criança vai bem. Na minha escola, procuro conhecer os pais de todos os meus alunos. Procuro encontrá-los com frequência e envio cartas a eles com boas notícias. Assim, quando tenho que dizer que a criança não está rendendo o esperado, eles me darão credibilidade e confiarão na minha avaliação.

É possível determinar quando termina a responsabilidade dos pais e começa a da escola? As duas partes precisam trabalhar em conjunto. Os pais precisam da escola e a escola precisa do apoio da família para realizar um bom trabalho. Um conselho que sempre dou aos pais é que nunca falem mal da instituição de ensino ou do professor na frente dos filhos. Se a criança ouve os próprios pais desmerecerem seus mestres, perde o respeito por eles. O contrário também é verdadeiro. Os professores precisam respeitar os pais, porque eles são parte fundamental na educação de uma criança.

Em algumas situações a discussão sobre responsabilidades da família e da escola surge com muita força. Em casos de bullying, por exemplo, pais e professores trocam acusações. Sobre quem recai a maior parte da responsabilidade nesses casos? A minha resposta novamente é que precisamos trabalhar em conjunto. Quando o bullying acontece na escola, é obrigação dos professores intervir imediatamente. Mas muitos não agem assim porque querem evitar conflitos com os pais. E isso é muito grave. O bullying está devastando nossas crianças. Precisamos combatê-lo. Para que os professores tenham liberdade para agir, precisam do apoio dos pais. Mas você sabe o que acontece? Muitas vezes, quando os pais são chamados na escola para serem alertados de que seu filho está praticando bullying contra um colega de classe, o que ouvimos é: "Mas qual o problema disso? Tenho certeza de que outros colegas também zombam do meu filho e ele não se sente mal por isso." Mais uma vez, vemos os pais se esquivando da responsabilidade.

A que o senhor atribui o sucesso do artigo que estourou no Facebook? Eu escrevi o que todos os professores tinham vontade de dizer aos pais, mas não podiam dizer, porque isso os enfureceria. O que eu fiz foi dar voz a milhões de profissionais. Fiquei sabendo que muitas escolas imprimiram o texto e enviaram uma cópia a cada família. Na internet, pessoas de outros países também compartilharam a minha mensagem.

O senhor criou uma escola modelo, a Ron Clark Academy. Como é a relação de seus professores com os pais? Procuramos estabelecer uma relação próxima. Como eu disse, estamos constantemente em contato com os pais, nos bons e nos maus momentos. Também promovemos encontros semanalmente, nos quais ofereço aos pais a oportunidade de assistir a uma aula na escola, destinada exclusivamente a eles, para que acompanhem o que está sendo ensinado a seus filhos. Ou seja, trabalhamos muito para conquistar uma relação harmônica. Não estou dizendo que é fácil lidar com os pais. Alguns deles podem ser bem malucos.

O senhor, na sua escola, recebe professores de diversas partes dos Estados Unidos e tambem de outros países, como o Brasil. Além dos problemas de relacionamento com os pais, do que mais professores de todo o mundo reclamam? As avaliações tiram o sono dos professores. Não sei exatamente como funciona no Brasil, mas nos Estados Unidos os professores são constantemente cobrados a melhorar o desempenho de suas escolas em testes padronizados. E todo o processo educacional passa a girar em torno de algumas provas. Isso é massacrante, para os alunos e para os professores. Os professores precisam de mais diversão na sala de aula.



O título da postagem é meu, o texto do facebook peguei no blog do Lúcio Fonseca, já a entrevista: Veja on-line.

Agradecida pelas visitas ao meu blog, solicito apenas que deixem comentários para discutirmos melhor o assunto. Até a próxima.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Para mim ou para eu?



Amigos, o post de hoje traz uma das dúvidas que mais preocupam as pessoas na hora de construir frases, trata-se do uso de MIM e de EU. Para ilustrar melhor o meu discurso, resolvi resgatar um texto de Oswald de Andrade. Leiam-no a seguir:


Erro de português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.


Voltei! Este texto nos remete a vinda dos portugueses ao Brasil, representa além de outros temas já tão mastigados, a ideia de que a Língua Portuguesa foi introduzida e abraçada aos poucos pelos filhos dessa terra tupiniquim sem muita resistência. E índios dominados aprenderam a cultura dos colonizadores. Daí em diante, tivemos contribuições linguísticas de outros povos que aqui pisaram, deixando ao longo da história um repertório cada vez mais amplo e complexo. Mas, não é porque sofremos outras influências, que vamos usar de qualquer modo a língua oficial: o Português. Certamente a língua de Camões é diferente da falada pelos brasileiros, mas ainda assim, existe um padrão que se deve seguir. Costumam dizer que os índios usam muito o mim.

Mim sabe, mim quer, mim gosta.

Pura bobagem!, em discursos informais ouvimos muita gente usar o mim e o eu aleatoriamente, nem se dão conta que podem produzir um sentido diferente do que realmente querem significar.

Com esse lenga-lenga, acabo de lembrar do prof. Waldemar, muito bem-humorado que é, costuma colecionar algumas pérolas para fazer graça. Como exemplo: Quero uma manga para mim chupar. (Como bom professor de Português, explica com graça o mal-entendido causado e os amigos caem na gargalhada).

Agora vamos entender direito o uso do EU e do Mim:

EU: Pronome pessoal do caso reto, usado como sujeito da oração.

MIM: Pronome pessoal oblíquo tônico, não é usado como sujeito e deve ser empregado com preposição.

Atenção: Quando aparecer verbo no infinitivo, usamos os pronomes pessoais retos.

Ex.: Ele escolheu um livro para mim. (Usamos mim depois de preposição)

Ele escolheu um livro para eu ler. (ler é verbo no infinitivo, por isso usou-se o EU)

Bom, espero que tenham gostado! Basta prestar atenção a preposição e ao verbo no infinitivo. Terminando frases usa-se sempre o mim.

Grande abraço e até a próxima postagem!