Veja que para se destacar é preciso vontade e esforço individuais. Acompanhe a história de Daniel, medalhista na Olimpíada de Matemática.
O carioca Daniel Santana Rocha tem apenas 15 anos, estuda em escola
pública, é filho de professores e ganhou, no mês passado, a medalha de
ouro na Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países da Língua
Portuguesa, disputada em Salvador.
O menino tímido, de fala mansa, se dedica com afinco aos estudos. Em
casa, são dez horas, do começo da manhã até o final da tarde, divididas
em seis horas para a matemática e o restante para as demais disciplinas.
À noite, vai à escola. Aluno do primeiro ano do ensino médio no Colégio
Estadual Bernardo Sayão, tem aulas das 18h30 às 22h.
O talento com os números foi descoberto com a ajuda do pai, Fernando da
Rocha. Para não deixar o filho sozinho em casa, passou a levá-lo ao
curso de aperfeiçoamento para professores de ensino médio do Impa
(Instituto de Matemática Pura e Aplicada).
Com apenas 11 anos, Daniel já demonstrava facilidade em resolver
cálculos complexos. Incentivado pelos professores do Impa, o estudante
começou a participar de torneios. No primeiro, a Olimpíada de Matemática
do Estado do Rio de Janeiro, já saiu com uma medalha de prata, uma
surpresa até mesmo para ele.
“Eu não esperava ganhar a medalha de prata porque eu comecei a estudar
para as Olimpíadas apenas um mês antes”, disse Daniel. O resultado
seguinte, um bronze na Olimpíada Brasileira, o deixou ainda mais
motivado. “Eu fiquei impressionado com o resultado e ainda mais motivado
a continuar estudando”, declarou.
Trânsito e cansaço
O estudante mora com os pais, professores, em um apartamento humilde em
Jacarepaguá, bairro da zona oeste do Rio. Daniel continua assistindo,
agora como convidado, às aulas no Impa, no Jardim Botânico, zona sul do
Rio. Para tanto, em dias de trânsito intenso, leva cerca de três horas
para chegar ao curso na zona sul do Rio, perdendo até seis horas por dia
em engarrafamentos.
“Ele fica muito cansado”, disse o pai do garoto. “O trajeto é
estressante. Eu fico tentando vários caminhos para chegar lá o mais
rápido possível. Se a gente tivesse melhor condição financeira,
moraríamos mais perto do Impa. A gente tem o sonho de ficar mais
próximo, mas o aluguel na zona sul é muito caro”, completou.
Estudante quer ser pesquisador
Pai e filho quando estão na escola são professor e aluno. O menino
ajuda os colegas e troca informações com os outros professores de
matemática e física, disciplina em que também mostra desenvoltura. “Ele
ajuda e estimula os alunos. A aula fica mais animada. Às vezes, os
meninos brincam pedindo para o Daniel dar aula, que a minha aula está
muito ruim”, contou o pai orgulhoso. “Meu pai me ajuda muito, como
professor e como orientador”, elogiou Daniel.
Como muitos adolescentes, Daniel tem suas diversões preferidas. “Gosto
de videogame, de passear no shopping. Eu estudo durante a semana para
liberar meus sábados e domingos”, disse. Sobre a rotina diária de dez
horas de estudo, o pai de Daniel afirma que nada é imposto. “Esse é o
prazer dele”, definiu. “No Brasil, existe um pouco de preconceito com o
estudo. Em muitos países adiantados, o mínimo é dez horas de dedicação”,
completou.
Para o futuro, o jovem talento já tem uma vontade explícita. “Quero ser
pesquisador. Gosto da área de análise, do estudo dos sistemas
dinâmicos”, contou.
A Olimpíada
A Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa
é disputada entre estudantes de Portugal, Angola, Cabo Verde,
Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, em um total
de 32 competidores. Diferentemente de uma competição esportiva, nas
Olimpíadas da Matemática é possível mais de uma medalha de ouro, levando
em questão o nível de excelência dos competidores.
As provas foram realizadas em dois dias e os estudantes tiveram três
horas e meia para resolver três problemas propostos pelos países
participantes envolvendo geometria, álgebra, combinatória e teoria dos
números. Três estudantes ganharam a medalha de ouro, dois do Brasil e um
de Portugal.
O estudante agora tem por objetivo disputar a maior competição de
matemática mundial, a IMO (International Mathematical Olympiad), que
acontece anualmente. A próxima edição acontece em julho de 2013, na
Colômbia. O Brasil já foi escolhido para sede no ano de 2017.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/08/28/medalha-de-ouro-em-olimpiada-internacional-de-matematica-estuda-mais-de-13-horas-por-dia.htm
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