quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Patetocracia voltou!

A Patetocracia foi inventada em 1968 por José Carlos Oliveira, cronista e romancista (dos bons, aliás) capixaba, figura lendária, boêmia e meio anarquista do Rio nos anos 70 – aí incluídos o final dos 60 e início dos 80 – morto precocemente em 1986, vítima de usos e abusos, aos 52 anos. Numa crônica intitulada “Contra a censura, pela cultura”, publicada no Jornal do Brasil em 13 de fevereiro de 1968, em que apoiava o protesto de artistas contra a censura, Carlinhos Oliveira – como era conhecido – forjou o termo, chamando os censores da ditadura militar de “patetocratas”.

43 anos depois, em plena democracia, num Brasil livre do cancro da censura, anuncio que a Patetocracia voltou. Não apenas como uma releitura da bur(r)ocracia, mas como uma forma de governo em si. Constatei o fato ontem de manhã, lendo os jornais. Ou não seriam típicas de patetocratas, dignos representantes de uma autêntica Patetocracia, as seguintes declarações colhidas a esmo no jornal?

1- O ministro Carlos Lupi disse que as acusações não o atingem diretamente e que só sai do cargo “abatido a bala forte, porque sou pesadão”.

2- Após participar dos Jogos Indígenas, sábado, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, propôs à FIFA conceder meia-entrada na Copa de 2014 para índios e beneficiários do Bolsa Família.

3- O ministro da Educação e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, declarou à respeito da atuação da PM no campus da USP: “Não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia. Nem a cracolândia como se fosse a USP”.

Saudades, Carlinhos!

Por Tony Bellotto


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